Por Elmanoel Mesquita - Farmaceutico Especializado em Bioquimica - Pós Graduado em Farmácia Clinica e Prescrição
Premio Destaque 2023 pelo CRF-Pa
Saúde sempre esteve entre as prioridades do engenheiro civil Moacyr Procópio, de 50 anos. A vida inteira praticou esportes. Foi triatleta, judoca. Além disso, passou a vida tendo cuidados com a alimentação, nunca fumou e sempre controlou o peso. Apesar disso, em 2021, levou um susto após passar por exames de rotina com o cardiologista.
“Fui fazer um check up de rotina e acabei tendo que passar por uma cirurgia de coração. Estava com 95% de obstrução em uma artéria coronária e 70% na outra. Coloquei 5 stents e passei uma semana internado. Foi um grande susto ", conta o engenheiro.
Na rotina, pouca coisa mudou. Continua praticando atividade física com frequência, mas hoje precisa manter os índices de colesterol controlados, por isso passou a tomar remédios para ajudar na manutenção dessas taxas. “Terei que tomar remédio para o resto da vida, para deixar os níveis de colesterol baixos. Mas mudei também meu estilo de vida. Encaro a vida de forma mais leve, não aumento os problemas e tento não me preocupar tanto com o futuro” diz o engenheiro.
Não é o caso do Moacyr, que tem fatores hereditários ligados ao aumento da taxa de colesterol no organismo, mas a maior parte dos problemas coronarianos — 70% — poderia ser evitada com melhoria no estilo de vida. Como explica a médica funcional, Fernanda Carvalho da clínica de medicina integrativa Viva Mais, em Brasília.
“Para melhorar esse perfil é preciso melhorar hábitos de vida como um todo, atividade física, alimentação mais equilibrada, mais proteica, com menos carboidratos. O consumo de açúcar e farinhas, considerados carboidratos simples, também vai impactar no aumento do LDL, que é o colesterol ruim.”
A cada ano os números aumentam, mas em média 300 mil brasileiros sofrem infarto no Brasil todos os anos, desses — e 30% acabam morrendo. Sedentarismo, estresse, má alimentação, obesidade. Fatores de risco para a saúde do coração que interferem diretamente nos índices de colesterol no sangue. Apesar do título de vilão, o colesterol em níveis adequados é muito importante para o organismo, pois faz parte da produção de hormônios, como a Vitamina D. Atua ainda na digestão, produção de energia, hormônio sexual, entre outros. Porém, em níveis alterados, e associado a outros fatores de risco, pode, sim, causar danos à saúde, como explica o cardiologista Hober Fasciani.
“O colesterol em níveis elevados, associado a fatores de risco, como hipertensão, diabetes, doença coronariana aumenta o risco de infarto e AVC. Principalmente o LDL, que é considerado o colesterol ruim, que pega a gordura do fígado para as artérias. E também o triglicérides, que é esse colesterol remanescente, e um dos principais causadores das placas de carotídea e coronária, aumentando as chances de infarto e AVC.”
Existe mesmo colesterol bom?
Sim. Manter níveis baixos de colesterol não vale para todos eles. Segundo o cardiologista, o LDL e os triglicerídeos devem ser mantidos em níveis próximos de 100 mg/dl, já o chamado colesterol bom, que é o HDL, precisa estar acima de 60 mg/dl para proteger o coração. Isso porque é ele que tem a capacidade de remover e transportar as gorduras das artérias, levando até o fígado, onde é secretado.
Herança genética
Quem tem casos de colesterol elevado na família precisa estar ainda mais atento e começar o acompanhamento com cardiologista ainda na infância.
“A idade não é documento. A genética também influencia, filhos com pais que apresentam níveis elevados de colesterol podem herdar uma condição conhecida como hipercolesterolemia familiar. A maioria dessas crianças são assintomáticas, então os pequenos pacientes devem ter seus índices de colesterol no sangue analisados pelo menos a partir dos 10 anos de idade, mesmo se não apresentar qualquer sintoma” — alerta o cardiologista.
Segundo o médico, alguns alimentos devem ser evitados e, até mesmo, eliminados da dieta de crianças. Sobretudo as que têm histórico familiar de índices elevados de colesterol.
Colesterol alto: alimentos que devem ser evitados
- biscoitos recheados
- sorvetes
- derivados de leite integral
- carboidratos refinados
- carnes gordas
Outros dicas que ajudam a manter a saúde do coração desde a infância:
- Faça a preparação dos alimentos assados, cozidos ou grelhados;
- Aumente o consumo de cereais integrais como, farelo de trigo, farelo de aveia. Substitua, sempre que possível, massas e pães feitos de farinha branca, por opções integrais;
- No almoço e no jantar consuma boas quantidades de hortaliças folhosas, como alface, agrião, escarola, rúcula;
- Tempere as saladas azeite de oliva preferencialmente o extra virgem;
- Opte por leite e iogurtes desnatados;
- Prefira queijo branco fresco e ricota, em vez dos queijos amarelos;
- Evite produtos industrializados, ricos em gordura trans como: biscoitos recheados e amanteigados, salgadinhos ricos em corantes;
- Evite o consumo de frituras e prefira carnes magras, com menores concentrações de gorduras;
- Abandone o tabagismo; reduza o estresse e mantenha uma rotina de exercícios;
- Reduza o consumo de refrigerantes e de bebidas alcoólicas.
Fonte: Brasil 61